Os frutos secos, como pinhões e nozes, estão a atingir este ano preços históricos, que chegam a ultrapassar os 100 euros por quilo. No caso dos pinhões, os tradicionais frutos secos da época e de longe os mais caros, os preços oscilam entre os 79 euros/kg e os 120 euros/kg – um aumento de mais de 20 euros/kg nos últimos anos.

A subida em flecha dos preços deve-se, sobretudo, à fraca produção dos últimos anos, segundo explica o responsável da associação de produtores florestais do Vale do Sado (ANSUB). «este é um ano de baixa produção, não só devido às pragas, mas também ao facto de há três anos termos tido uma hiper-produção», diz Pedro Silveira. As pinhas, explica o responsável, «demoram cerca de quatro anos a formar-se».

Mas a quebra não acontece apenas em Portugal: «em Espanha, o maior produtor a nível europeu, em Itália, na Turquia e no norte de África, os últimos anos também têm sido de produções muito baixas». Daí o preço elevado, justifica Lourenço Mexia de Almeida, que, além de miolo de pinhão, é também produtor de nozes. «No caso dos frutos secos, há um mercado que obedece à lei da oferta e da procura», afirma, acrescentando que actualmente a procura é muito superior à oferta. «Há mesmo locais, como o Ribatejo, onde este ano não compensou economicamente colher os frutos», conta o produtor. Também Sesimbra, uma das zonas com maior produção do país, foi afectada por esta baixa, diz António Ferreira, da Associação do Pinheiro Manso «está a ser um ano muito mau», conta.

Pedro Silveira lembra, por outro lado, que «problemas como as questões climatéricas ou as pragas não são fáceis de resolver de um ano para o outro». «e apenas no próximo ano poderemos esperar uma evolução nos casos em que a produção depende da formação das pinhas», continua o responsável da ANSUB. Lourenço Mexia de Almeida acrescenta que, «como há poucas pinha a produzir, as pragas concentram-se nas que existem». O resultado é devastador para o sector: «temos uma produção três vezes inferior à de há três anos, cerca de 5% do que era. isto é um mínimo histórico».

Grandes superfícies têm margens elevadas

Já as nozes, mais comuns ao longo do ano, não atingem preços tão elevados como o pinhão, mas chegam facilmente aos 40 euros/kg nas grandes superfícies. Mas a baixa na produção não é a única responsável por este pico nos preços dos frutos secos. Há também que contar com as margens de lucro ao longo da cadeia de distribuição, como explica Pedro Silveira: «os pinhões saem das fábricas a cerca de 50 euros/kg e quando os vemos à venda nas grandes superfícies atingem os 120 euros. Além das grandes margens retidas na venda ao público, os distribuidores também ganham bastante dinheiro».

António Ferreira, da Associação do Pinheiro Manso, acredita que as grandes superfícies são as grandes responsáveis pelos preços elevados pagos pelo consumidor final: «por vezes, têm margens de cerca de 100%».

Contactada pelo Sol, fonte oficial do Pingo Doce justificou o aumento nos preços com «uma lógica de oferta e procura», escusando-se a revelar as margens «por razões de estratégia comercial». O «tipo de miolo de noz comercializado sob a marca Pingo Doce, que tem um calibre superior, foi, neste ano, produzido em menor quantidade, o que se reflectiu num aumento do preço do produto no mercado. O mesmo se passou com o miolo de pinhão Pingo Doce», justificou a mesma fonte. A Sonae (Continente), por seu lado, não comentou o assunto.

Já a Confeitaria Nacional, na baixa de lisboa, grande utilizadora de pinhões para a confecção do bolo-rei e do bolo-rainha, diz que reduziu as suas margens de lucro de modo a que o consumidor final não sofra as consequências deste aumento de preços. Graças a fornecedores próprios que arranjou ao longo dos anos, a Confeitaria até consegue este ano aumentar em 10% a quantidade de pinhões nos seus bolos.

 

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